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… num mundo de ilusões, a rotina, a hipocrisia!!

29 Dezembro 2011 63.652 views Não Commentado

Antonio CasteleiroAs rotinas do nosso quotidiano inserem-se num processo constante de criação e destruição, de fazer e desfazer, fazendo lembrar os ciclos de morte-vida, em que tudo se insere neste plano de existência.

Assim, repetimos os mesmos procedimentos todos os dias, como condição de sobrevivência, como se importasse manter o suporte físico em condições adequadas, para que a vida se vá processando, para que a aquisição de consciência se vá fazendo.

Vejamos que precisamos de comer diariamente, mesmo que logo a seguir expulsemos muito daquilo que comemos, através da evacuação. Todos os dias nos lavamos, embora sabendo que no dia seguinte o processo orgânico obrigará a nova higiene. Usamos as roupas que cobrem o nosso corpo, que terão por isso de ser repetidamente lavadas, para se poderem usar e logo a seguir sujar de novo.

Estes ciclos são intermináveis, enquanto habitamos um corpo, fazendo lembrar que mais do que o resultado em si, o que importa é a consciência que se põe nas coisas que se manipulam, consciência esta que se alcança através da interacção entre realidades diferentes. Assim, todos os procedimentos quotidianos enunciados se inserem num processo de troca entre a matéria e o ser pensante, e aquilo que parece não levar a lugar nenhum, permite a manutenção da vida terrena, pois é com vista à subsistência do corpo que esses procedimentos se efectuam.

Vivendo nós num mundo de ilusões, hipocrisia, onde o campo dos efeitos sobreleva o das causas, parece-nos desencorajadora esta indispensável actividade diária, que se repete necessariamente, sem evidenciar um resultado visível e destacado.

Parece, pois, que o que importa é viver, sabendo que o que se alcança com a vida está para além dos resultados concretos e materiais, isto é, visa ela, através das experiências que possibilita, o aumento do grau de consciência dos seres viventes.

Importa, pois, mais do que a acção em si, a intenção e atitude com que é feita, que denota o grau de consciência com que a mesma é executada. O estado mental subjacente, como princípio criador que é, origina, por sua vez, a manifestação da realidade individual e colectiva, podendo esta ser medida pelo conjunto de realizações conseguidas pelos seres humanos.

Conforme seja o grau de consciência de cada um, assim se verão os frutos correspondentes em obras e trabalhos conseguidos.