O eleitor é corrupto!? penso que sim!
Em tempos de crise de representação política, quando esse segmento enfrenta os mais elevados índices de rejeição popular, e justamente quando muitos proclamam a necessidade da elevação da autoestima, apregoando honestidade e bom carácter como uma espécie de programa de governo, eis que surge a constatação: o eleitor é corrupto!
Mas, em sã consciência, com os pés no chão e, principalmente, a vontade de conquistar um mandato, qual candidato se arriscaria a dizer, em palanque ou nos programas eleitorais, que não aceita trocar nada por um voto. Mas, por que dizer, justamente às vésperas de mais uma eleição, que o eleitor – e não os políticos, especialmente os que já detém um mandato e que passam quatro anos fazendo “caixa” para a próxima campanha – é um sujeito corrupto?
Simples. Apenas porque este mesmo eleitor, descrente de tudo e de todos, e já não acreditando mais em soluções milagrosas, tem repetido à exaustão que só vai votar em quem lhe proporcionar algum tipo de vantagem.
Isso é corrupção!
Aí poderão dizer: Tudo bem, se existe quem oferece as vantagens, sempre vai existir quem as aceite. Mas, e se de repente desaparecer a figura de quem oferece algo em troca de voto, será que existirão ainda os cidadãos dispostos a votar apenas porque sicrano ou beltrano é um sujeito comprometido com o bem-estar social, a cidadania, a preservação ambiental, a ética?
O candidato, pobre e inocente candidato (?!), arriscaria iniciar um discurso, na abertura do programa eleitoral, avisando os malvados donos do voto que não pretende pagar / prometer um tostão sequer para obter o mandato, e que só vai aceitar assumir um cargo se puder contar com a confiança de pessoas incorruptíveis?
Quem sabe isso não signifique um choque de moralidade
Quem se habilita a correr esse “risco”?