Limites de tolerância!
Tudo tem limites, e a tolerância não é exceção. Nem tudo é aceitável neste mundo. Os profetas de ontem e de hoje sacrificaram suas vidas por terem a coragem de levantar a voz e afirmar: “não te é permitido fazer o que fazes”. Em muitas situações, a tolerância pode se transformar em cumplicidade com o crime, omissão culposa, insensibilidade ética ou comodismo.
Não devemos ser tolerantes com aqueles que têm o poder de erradicar a vida humana do planeta e de destruir grande parte da biosfera. É imperativo que os submetamos a controles rigorosos e eficazes, pois a proteção do meio ambiente é uma responsabilidade coletiva que transcende fronteiras e gerações.
Não podemos aceitar a tolerância em relação a quem assassina inocentes, abusa sexualmente de crianças ou trafica órgãos humanos. A vida e a dignidade humana devem ser defendidas com veemência, e a sociedade deve unir esforços para garantir que os direitos dos mais vulneráveis sejam respeitados.
Não devemos ser complacentes com aqueles que escravizam menores, explorando-os para produzir a baixo custo e lucrar no mercado global. A exploração infantil é uma chaga que deve ser extirpada, e a educação e a conscientização são ferramentas essenciais para combater essa prática.
Não podemos ser tolerantes com terroristas que, em nome de uma ideologia ou religião, cometem atrocidades e massacres. A violência em nome de qualquer causa é inaceitável e deve ser condenada de forma unânime, independentemente das motivações que a sustentam.
Não devemos permitir que a falsificação de medicamentos, que pode levar à morte de pessoas, ou a corrupção que dilapida os bens públicos, sejam vistas como comportamentos toleráveis. Contra esses crimes, devemos ser especialmente firmes, pois ferem o bem comum e minam a confiança nas instituições.
Não podemos fechar os olhos para as máfias que operam no tráfico de armas, drogas e prostituição, que frequentemente envolvem sequestros, torturas e eliminação física de indivíduos. A luta contra essas organizações deve ser intransigente, e a cooperação internacional é fundamental para desmantelar essas redes.
Não devemos ser tolerantes com práticas que, sob o pretexto da cultura, impõem mutilações genitais ou amputações a indivíduos. A dignidade humana deve ser sempre respeitada, e é crucial promover o diálogo intercultural para erradicar essas tradições prejudiciais.
Nestes casos, a firmeza é essencial. A justiça exige que sejamos rigorosos e severos, e isso não é um vício da intolerância, mas uma virtude da justiça. Se não agirmos assim, corremos o risco de perder nossos princípios e nos tornarmos cúmplices do mal.
A tolerância sem limites aniquila a própria essência da tolerância, assim como a liberdade sem limites pode levar à tirania do mais forte. Tanto a liberdade quanto a tolerância necessitam da proteção da lei. Caso contrário, assistiremos à ditadura de uma única visão de mundo que nega todas as outras, resultando em raiva e desejo de vingança, que são o fermento do terrorismo.
Então, onde estão os limites da tolerância? Eles residem no sofrimento, nos direitos humanos e nos direitos da natureza. Quando as pessoas são desumanizadas, a tolerância chega ao fim. Ninguém tem o direito de infligir sofrimento injusto ao outro. A promoção de uma cultura de paz e respeito mútuo é fundamental para construir um futuro mais justo e harmonioso.
(António Casteleiro)
” Aceito os ignorantes ! Não aceito os que ignoram a própria ignorância. ” (António Casteleiro)