A política mundial em 2025 é marcada por tensões geopolíticas, conflitos armados e uma crescente desumanização das populações afetadas. A situação na Faixa de Gaza é um exemplo claro dessa desumanização, enquanto a pressão sobre a ONU e a ascensão de líderes negacionistas e autocráticos complicam ainda mais o cenário global.

A desumanização no conflito da Faixa de Gaza manifesta-se de várias maneiras, principalmente através da violência extrema e da falta de assistência humanitária. Desde a escalada das hostilidades em outubro de 2023, mais de 60.000 palestinos foram mortos, e a infraestrutura básica, como hospitais e escolas, foi devastada. A ONU e organizações de direitos humanos têm denunciado a situação como genocídio, sublinhando a necessidade urgente de um cessar-fogo e a criação de um Estado palestino viável. A narrativa em torno do conflito tem sido frequentemente manipulada, levando a uma polarização ainda maior entre as comunidades e dificultando o diálogo.

A pressão sobre a ONU tem aumentado, especialmente em relação à sua capacidade de mediar conflitos e garantir a paz. A “lei do mais forte” prevalece em muitos contextos, onde as potências globais ignoram as normas internacionais em favor de interesses próprios. A recente Declaração de Nova Iorque, aprovada por 142 países, reafirma a necessidade de uma solução pacífica para a questão palestina, mas a implementação continua a ser um desafio, refletindo a fragilidade do sistema internacional. A falta de ação efetiva da ONU em crises humanitárias tem gerado desconfiança e críticas, levando a um questionamento sobre a sua relevância no cenário atual.

O cenário político global também é afetado por líderes negacionistas, que frequentemente desconsideram evidências científicas e históricas em suas políticas. Essa tendência é visível em várias nações, onde a retórica populista e a desinformação se tornaram comuns. A ascensão de tais líderes tem contribuído para a polarização política e a erosão da confiança nas instituições democráticas, dificultando a busca por soluções eficazes para os problemas globais. A negação de questões como as mudanças climáticas e a desigualdade social tem consequências diretas na capacidade de resposta a crises globais.

As retóricas de guerra estão em alta, especialmente em contextos de conflito como o da Faixa de Gaza e a guerra na Ucrânia. Líderes políticos frequentemente utilizam uma linguagem belicosa para mobilizar apoio interno, o que pode exacerbar tensões e levar a escaladas de violência. A retórica agressiva não apenas desumaniza os adversários, mas também legitima ações militares que resultam em consequências devastadoras para civis, criando um ciclo vicioso de violência e retaliação. A normalização da guerra como uma solução política tem implicações profundas para a segurança global e a estabilidade regional.

As democracias ao redor do mundo estão sob crescente pressão de autocracias que buscam expandir sua influência. O enfraquecimento das instituições democráticas e a erosão dos direitos civis são preocupações centrais. A ONU, em sua função de mediadora, enfrenta desafios significativos para manter a ordem internacional e promover a democracia em um ambiente onde as autocracias estão se tornando mais assertivas. A luta pela preservação dos valores democráticos é, portanto, uma batalha contínua e crucial para o futuro da governança global. A cooperação internacional e a solidariedade entre democracias são essenciais para resistir a essa pressão e promover um mundo mais justo.

A situação política mundial em 2025 é complexa e multifacetada, refletindo uma luta contínua entre a busca por justiça, direitos humanos e a realidade de um sistema internacional que muitas vezes privilegia a força sobre a diplomacia. A desumanização das populações afetadas por conflitos, a pressão sobre instituições como a ONU, a ascensão de líderes negacionistas e a retórica de guerra são elementos que moldam um panorama global desafiador.

Além disso, a necessidade de um diálogo construtivo e de uma ação coletiva é mais urgente do que nunca. O futuro da política mundial depende da capacidade de enfrentar esses desafios de forma unida e eficaz, promovendo a paz, a justiça e a dignidade para todos. A construção de um mundo mais equitativo e pacífico requer um compromisso renovado com os princípios democráticos e uma resistência firme contra a desumanização.

(António Casteleiro)

” Aceito os ignorantes ! Não aceito os que ignoram a própria ignorância. ” (António Casteleiro)