Tristeza…Solidão…Hipertensão…Uma doença social!
Ultimamente, tenho ampliado o olhar para a dinâmica da vida dos grandes centros urbanos.
Eu não saberia dizer se o que observo é extensivo ao país de forma global, porém com muita probabilidade o deva ser para a maioria das “cidades grandes”.
A modernidade dos grandes centros, concentra um altíssimo número de pessoas descontentes como um todo, irritadas, ansiosas, deprimidas, agressivas, com reações neuróticas de defesa das mais variadas e imprevisíveis, (quase se mata por um sorriso) e cuja somatização gera desde pequenos problemas até quadros mais sérios de saúde, que podem culminar com o óbito ou invalidez.
Fora as mortes por causas externas, as doenças cardiovasculares e degenerativas avolumam-se nos grandes centros do mundo.
Mas antes da mente e do corpo padecerem, o que adoece é o estilo de vida e consequentemente a relação entre as pessoas!
Não há tempo para a alimentação saudável, e a comida industrializada ganha. Os fast food e as outras, favorecem o aparecimento de obesidade, hipertensão e diabetes, precedentes indiscutíveis de doença cardiovascular.
Não há tempo para se lavar um “pé de alface…”.
O sedentarismo torna-se exuberante. Alguns ginásios, embora lotados, albergam seres stressados que nem sequer relaxam para a realização dos exercícios físicos, “encaixados” nos estreitos horários entre o trabalho e o “almoço”, o que acabam por lhes acrescentar mais carga de stress.
Todas essas alterações na dinâmica da vida, por vários ângulos, isolam cada vez mais as pessoas do contacto social, gerando o círculo vicioso duma sociedade adoecida!
O facto é que estamos doentes. E muito!
Somos doentes fabricados pelo estilo de vida psicótico da modernidade.
Um dia de vinte e quatro horas já não é suficiente para se viver “um dia”!
A população, na sua grande maioria, gasta “A VIDA” no trânsito, sob uma atmosfera negra, de ar seco, de ruídos insuportáveis, de grande calor, de aglomerados humanos por toda parte, de medos, de escassez de todos os recursos naturais básicos ao bem-estar global do ser humano.
Bem-estar, EM PRIMEIRA ANÁLISE, significa… saúde.
Portanto adoece-se de verdade… e de forma holística… está mais que provado.
Realmente é a cidade que não pára… nem pára pensar, porque se consciencializa da qualidade de vida, dói na alma.
Famílias que em última análise deveriam compor um todo, seguem fragmentadas por horários malucos que nunca permitem agregação.
E o resultado?
O pior dos diagnósticos: As pessoas estão tristes e sozinhas.
Portanto a solidão habita a cidade. Uma multidão imensa de sozinhos, de seres sem rosto.
Tenho percebido pessoas que se vão questionando a esse respeito, porém de forma individual, pois cada um questiona o seu mundo.
Por vezes pensei tratar-se apenas dum movimento dos mais velhos, mas hoje percebo ser um universo enorme de pessoas de todas as idades, que se inquietam e se movimentam para retornar às “origens” do óbvio: voltar a viver!
Assim partimos em nossa busca, nesse coletivo enorme de singularidades infelizes!
Afinal, aonde queremos chegar?
Pessoas abrem mãos de férias, do contacto em família, do lazer, da própria essência humana por não terem como se descartar dos compromissos de trabalhadores, ainda que autónomos.
Interessante que são autónomos sem autonomia, encarcerados, engolidos pelo modelo de vida!
Os rendimentos do trabalho pagam as contas e os impostos, quando pagam!
Quando há sobras, nunca têm tempo!
Digeridos pela máquina da cidade e da vida moderna, as pessoas são reféns de si mesmas, porque para “sobreviver” montam o seu mundo, abrindo literalmente, mãos à vida… deixando-a escapar.
Muitas vezes de forma irremediável! Um caminho sem volta.
Fica aqui portanto, o nosso grande desafio do hoje:
Buscar pelo essencial nessa insensatez urbana, angariar meios para que coloquemos um basta nessa roda-viva que nos tritura, que busquemos imunizar a nossa alma da SOLIDÃO EPIDÉMICA dos grandes centros.
Revitalização é a ordem do momento! E não só do meio ambiente!
Em foco… nosso cenário interior!
Seja qual for a fórmula, que encontremos dentro de nós, um estilo mais harmonioso de vida, que retiremos as algemas da alma rumo à existência e “sobrevivência” da natureza… HUMANA.