A nossa profissão. Escolha ou acaso?!
Todos nós que somos pais, e que temos filhos na idade de decisão profissional, rumando às escolas, sabemos o quanto é difícil no mundo atual presenciarmos a difícil fase de opção profissional dos nossos filhos, situação pela qual nós também passámos.
Mas o que observo é que a angústia aumentou.
Tenho percebido que a indecisão profissional norteia a geração mais jovem, e pergunto-me o porquê, qual seria a explicação sociológica para tal ocorrência.
Lembro-me que muito cedo decidi pelo meu caminho, mas na minha época as opções profissionais eram um leque bem menor, portanto era mais fácil decidir.
Mas, hoje não é incomum os jovens ao entrarem na faculdade e se desestimularem precocemente pela escolha feita depois de tanta indecisão e por vezes quando têm a licenciatura, decidirem não seguirem o que escolheram.
Onde está o sopro da vocação? Será que acabaram até com ele?
Às vezes acho que falta “estímulo”, e tal facto talvez possa significar algo bem mais grave acontecendo no país.
Filhos da “classe média”, acostumados com o conforto fornecido pelos pais da nossa geração, possibilidade que o esforço e mérito próprios nos deram naquela época, talvez estejam dececionados com o reconhecimento social dado àqueles que vão à luta nos dias de hoje.
Hoje paga-se altas mensalidades por uma boa formação, que reverte praticamente nada em termos financeiros.
Na nossa época tínhamos garra para juntar moedas, mas hoje a “…..” passou a imperar no nosso solo.
É esperto aquele que chega mais alto com menos esforço.
Aquele que usa de subterfúgios múltiplos para se dar “bem na vida”.
Então, enquanto pais, fica-nos difícil mostrar os caminhos profissionais, estimular nossos filhos para aquela realização satisfatória que brota do cerne das nossas conquistas por esforço e mérito.
Percebo um triste MARASMO social.
Paradoxalmente, numa sociedade com défice de formação profissional, quando se encontra trabalho para os profissionais que se lançam no mercado, cada vez mais se pede tudo, formação “top”, para um retorno desanimador.
Parece que realmente perdem o rumo.
Aos nossos filhos, desejaria um cenário mais otimista.
Hoje, ouvi um senhor dizer: Difícil enxergar em terra de cegos!
Não é o que penso também?
Temo pelo futuro simplesmente porque não enxergo nenhum presente… promissor.
Quem sabe eu esteja equivocado.
Não há nada mais triste do que se lançar a vida profissional… ao acaso da mediocridade, tão bem semeado nos dias de hoje.