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Nós e os outros!

5 Abril 2008 44.680 views Não Commentado

Antonio CasteleiroComo trabalhar bem com os outros? Como entender os outros e fazer-nos entender? Porque os outros não conseguem ver o que vemos, como nós vemos? Porque não percebem a clareza das nossas intenções? Porque interpretam erroneamente nossos atos e palavras e complicam tudo? Porque não podemos ser objetivos no trabalho e deixar problemas pessoais de fora? Vamos ser práticos e deixar sentimentos de lado…”

Quem já não pensou assim, alguma vez, em algum momento ou situação? Desde sempre, a convivência humana é difícil e desafiante.

Escritores e poetas, através dos tempos, têm abordado a problemática do relacionamento humano. Sartre, em sua admirável capacidade fez a famosa afirmação: “ O inferno são os outros. ”

Estamos realmente condenados a sofrer com os outros? Ou podemos ter esperança de alcançar uma convivência satisfatória e produtiva? Pessoas convivem e trabalham com pessoas, isto é, reagem às pessoas com as quais entram em contacto: comunicam-se, afastam-se, entram em conflito, competem, colaboram, desenvolvem afeto.

Interferências ou reações, voluntárias ou involuntárias, intencionais ou não-intencionais, que constituem o processo de interação humana, em que cada pessoa na presença de outra pessoa não fica indiferente a essa situação de presença estimuladora.

O processo de interação humana é complexo e ocorre permanentemente entre pessoas, sob forma de comportamentos manifestos ou não-manifestos, verbais e não-verbais, pensamentos, reações mentais e/ou físico-corporais.

Assim um olhar, um sorriso, um gesto, uma postura corporal, um deslocamento físico de aproximação ou afastamento constituem formas não-verbais de interação entre pessoas. Mesmo quando alguém vira as costas ou fica em silêncio, isto também é interação – e tem um significado, pois comunica algo aos outros. O facto de “sentir” a presença dos outros já é interação..

Temos que mudar, mas devagar, porque a direção é mais importante do que a velocidade.

Se abrimos uma porta podemos ou não entrar em uma nova vida. Podemos não entrar e ficar observando a vida. Mas se vencemos a dúvida, o medo, e entramos, damos um grande passo nessa sala, e vive-se. Mas, também, tem um preço.

São inúmeras outras portas que nós descobrimos. Às vezes, corre-nos mal, às vezes, curte-se. O grande segredo é saber quando e qual porta deve ser aberta.

A vida não é rigorosa. Ela propicia erros e acertos. Os erros podem ser transformados em acertos quando com eles se aprende. Não existe a segurança do acerto eterno.

A vida é generosa. A cada sala que se vive, descobrem-se tantas outras portas.

A vida enriquece quem se arrisca abrir novas portas. Ela privilegia quem descobre seus segredos e generosamente oferece afortunadas portas. Mas a vida também pode ser dura e severa.

Se nós não ultrapassar-mos a porta, teremos sempre a mesma porta pela frente. É a repetição perante a criação, é a monotonia monocromática perante a multiplicidade das cores, é a estagnação da vida…

Para a vida, as portas não são obstáculos, mas diferentes passagens…