Eleições em Portugal: Reflexões sobre a Liberdade e a Abstenção
As eleições de 18 de Maio de 2025 em Portugal marcaram mais de 50 anos de liberdade democrática, um marco significativo que deve ser celebrado. Desde a Revolução dos Cravos, que pôs fim a um regime ditatorial opressivo, os cidadãos portugueses têm desfrutado do direito de votar de forma livre e secreta. No entanto, este direito, que é um pilar fundamental da democracia, parece estar a ser cada vez mais desvalorizado, como evidenciado pela elevada taxa de abstenção nas últimas eleições.
A abstenção de votantes é um fenómeno preocupante que reflete um distanciamento da população em relação ao processo político. Muitos cidadãos optaram por não exercer o seu direito de voto, ignorando a importância da sua participação na construção de um futuro coletivo. Este desinteresse pode ser atribuído a vários fatores, incluindo a desilusão com os partidos políticos, a falta de informação sobre as propostas eleitorais e, em muitos casos, uma falta de consciência histórica sobre o que significa viver sob um regime autoritário.
É alarmante pensar que uma grande parte da população, especialmente os mais jovens, pode ter esquecido ou não ter conhecimento suficiente sobre as ditaduras que marcaram o passado de Portugal. A memória coletiva sobre o Estado Novo e a repressão que caracterizou esse período parece estar a esvanecer-se, levando a uma desconexão entre as gerações. Esta falta de conhecimento histórico não só diminui a valorização do direito de voto, mas também abre portas para a manipulação e a desinformação, que podem ser exploradas por aqueles que buscam desestabilizar a democracia.
Os resultados das eleições de ontem levantam sérias preocupações sobre a manipulação de eleitores e a falta de compreensão da seriedade das propostas apresentadas. Em vez de se envolverem de forma crítica com as questões políticas, muitos eleitores parecem estar mais inclinados a protestar do que a participar ativamente na construção de soluções. Esta atitude pode ser alimentada por uma retórica populista que simplifica questões complexas e apela a emoções, em vez de promover um debate informado e fundamentado.
A manipulação de uma sociedade pouco esclarecida é um tema que merece ser abordado. Em tempos de redes sociais e informação instantânea, a desinformação pode proliferar rapidamente, criando narrativas que distorcem a realidade e influenciam a opinião pública. A falta de uma educação cívica robusta e de um debate político saudável contribui para que muitos cidadãos se sintam perdidos e desmotivados a participar no processo democrático.
Em suma, as eleições de 18 de Maio de 2025 não são apenas um reflexo do estado atual da política em Portugal, mas também um chamado à ação. É fundamental que a sociedade portuguesa reforce a importância da participação cívica e do conhecimento histórico, para que as lições do passado não sejam esquecidas. A liberdade conquistada há mais de 50 anos deve ser defendida e valorizada, e isso começa com a participação ativa de todos os cidadãos nas eleições. A democracia é um bem precioso que requer o envolvimento de todos, e é através do voto que cada um pode contribuir para moldar o futuro do país.
(António Casteleiro)
” Aceito os ignorantes ! Não aceito os que ignoram a própria ignorância. ” (António Casteleiro)