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Eleições em Portugal: Reflexões sobre a Liberdade e a Abstenção

19 Maio 2025 2.586 views Não Commentado

004.140x140 004.140x140As eleições de 18 de Maio de 2025 em Portugal marcaram mais de 50 anos de liberdade democrática, um marco significativo que deve ser celebrado. Desde a Revolução dos Cravos, que pôs fim a um regime ditatorial opressivo, os cidadãos portugueses têm desfrutado do direito de votar de forma livre e secreta. No entanto, este direito, que é um pilar fundamental da democracia, parece estar a ser cada vez mais desvalorizado, como evidenciado pela elevada taxa de abstenção nas últimas eleições.

A abstenção de votantes é um fenómeno preocupante que reflete um distanciamento da população em relação ao processo político. Muitos cidadãos optaram por não exercer o seu direito de voto, ignorando a importância da sua participação na construção de um futuro coletivo. Este desinteresse pode ser atribuído a vários fatores, incluindo a desilusão com os partidos políticos, a falta de informação sobre as propostas eleitorais e, em muitos casos, uma falta de consciência histórica sobre o que significa viver sob um regime autoritário.

É alarmante pensar que uma grande parte da população, especialmente os mais jovens, pode ter esquecido ou não ter conhecimento suficiente sobre as ditaduras que marcaram o passado de Portugal. A memória coletiva sobre o Estado Novo e a repressão que caracterizou esse período parece estar a esvanecer-se, levando a uma desconexão entre as gerações. Esta falta de conhecimento histórico não só diminui a valorização do direito de voto, mas também abre portas para a manipulação e a desinformação, que podem ser exploradas por aqueles que buscam desestabilizar a democracia.

Os resultados das eleições de ontem levantam sérias preocupações sobre a manipulação de eleitores e a falta de compreensão da seriedade das propostas apresentadas. Em vez de se envolverem de forma crítica com as questões políticas, muitos eleitores parecem estar mais inclinados a protestar do que a participar ativamente na construção de soluções. Esta atitude pode ser alimentada por uma retórica populista que simplifica questões complexas e apela a emoções, em vez de promover um debate informado e fundamentado.

A manipulação de uma sociedade pouco esclarecida é um tema que merece ser abordado. Em tempos de redes sociais e informação instantânea, a desinformação pode proliferar rapidamente, criando narrativas que distorcem a realidade e influenciam a opinião pública. A falta de uma educação cívica robusta e de um debate político saudável contribui para que muitos cidadãos se sintam perdidos e desmotivados a participar no processo democrático.

Em suma, as eleições de 18 de Maio de 2025 não são apenas um reflexo do estado atual da política em Portugal, mas também um chamado à ação. É fundamental que a sociedade portuguesa reforce a importância da participação cívica e do conhecimento histórico, para que as lições do passado não sejam esquecidas. A liberdade conquistada há mais de 50 anos deve ser defendida e valorizada, e isso começa com a participação ativa de todos os cidadãos nas eleições. A democracia é um bem precioso que requer o envolvimento de todos, e é através do voto que cada um pode contribuir para moldar o futuro do país.

(António Casteleiro)

www.antoniocasteleiro.com

” Aceito os ignorantes ! Não aceito os que ignoram a própria ignorância. ” (António Casteleiro)