AMOR! Antes do medo e da dor…
É fascinante como o amor é retratado por “amantes” em filmes, poemas, obras de arte e até mesmo em nossas próprias vidas. O amor, em suas diversas formas — seja no momento presente, na saudade ou até no seu fim — é frequentemente apresentado como uma experiência que carrega consigo uma pitada de medo ou dor.
Durante muito tempo, acreditei que amar significava sentir uma pontada de dor quando estamos longe do ser amado. No entanto, com o passar do tempo, percebi que essa ideia não é verdadeira.
Amar é sentir medo? O receio de ficar distante ou de ver um relacionamento chegar ao fim pode gerar sentimentos contraditórios, como o ciúme. Quando amamos, e não temos um bom nível de autoconhecimento e autoaceitação, a insegurança pode dominar, e o ciúme se torna uma constante.
Estou convencido de que amar e sentir-se amado é a total ausência de medo. Não devemos temer a perda do que nunca nos pertenceu. Quem ama não possui, portanto, não pode perder. Se a pessoa amada decide seguir um caminho diferente, de que adianta o medo e o ciúme? Nada! Eu não gostaria de estar ao lado de alguém que, de verdade, não deseja estar comigo. De forma alguma.
Amar tem que ser doloroso? Estar verdadeiramente amando deve ser uma experiência livre de dor. O amor deve ser algo bom, um prazer constante. Sentir-se nas nuvens, sem mais nada a pesar. Já ouvi pessoas dizerem que é bom sentir uma dorzinha, e até eu já disse isso algumas vezes.
Amar é sentir-se bem. Sem medo e sem dor.
Quando se ama, não se briga? Não se têm diferenças? Estou a falar de amor e não apenas de relacionamentos, mas como o assunto surgiu, vamos abordar isso.
Quando amamos alguém, o maior desejo é fazer essa pessoa feliz. Não estou a dizer que devemos ignorar nossas próprias necessidades e vontades. É fundamental encontrar um equilíbrio, pois somos como peças de um quebra-cabeça que está a ser montado. Cada peça é única, mas algumas podem gerar confusão.
Quem ama, normalmente, ouve mais, dá mais atenção e aceita a opinião do outro, por mais estranha que seja. Escutamos, refletimos e depois comentamos. Não há falta de respeito, porque amamos a outra pessoa.
Então, o que estou a dizer é uma utopia? Ao longo da minha vida, vivi e experimentei muitas coisas, incluindo a entrega total a um relacionamento. Percebi que as pessoas têm diversos objetivos em um relacionamento, exceto o desejo de união. O desejo de construir um lar, ter filhos e viver em família parece ter se perdido.
Encontrei pessoas que buscam resolver problemas pessoais, como solidão, falta de dinheiro, status social, sexo, entre outros. Será que essas pessoas são felizes? Será que fazem o seu “amado” feliz?
Quem entra ou vive um relacionamento com uma base diferente da de fazer o seu amado feliz… o que estou a dizer é, e sempre será, uma utopia.
Como evitar o medo e a dor? É preciso ser honesto com os próprios sentimentos. Ser sincero, de verdade, sobre o que pensamos, sentimos e, principalmente, sobre o que a pessoa que amamos deseja. Trocar ideias e deixar claro o que sentimos e o que desejamos para nós.
Somente quando somos honestos com nossos sentimentos é que conseguimos evitar o medo e a dor. Se a pessoa com quem estamos a relacionar não nos dá segurança, então estamos com a pessoa errada.
E se acabar? Sentiremos dor? Essa é uma pergunta complexa, mas vamos lá.
Sentimos dor sempre que perdemos algo ou sentimos que vamos perder. Podemos perder algo em um relacionamento? Sim, mas isso só acontece quando apostamos no futuro, em investimentos e até em dinheiro. Se esse for o caso, a dor será intensa, variando conforme a perda.
Acredito que não devemos investir em um relacionamento; devemos vivê-lo. Relacionamento não é como ações na bolsa, onde se investe. Não é uma poupança, não é receber juros todo mês. Relacionamento é baseado no amor, é doar sem esperar nada em troca. Quanto mais doamos, mais felizes nos tornamos.
Não quer sofrer? Não espere. Não construa castelos no ar. Se algo tiver que acontecer, que aconteça agora. Mas e aquela casa que estávamos a construir, os planos para a viagem, etc.? Se não deu certo, é uma pena… mas não era para ser.
Se é tão simples, então é só não fazer nada. Certo? Que nada… Não basta apenas doar o seu amor e pronto. Um relacionamento é construído a cada dia, a cada momento. Devemos continuar com nossas vidas, nosso trabalho, nossa família e tudo mais. Cada detalhe cativará ainda mais a pessoa amada, fazendo com que tenhamos a certeza de que estamos com a pessoa certa.
A Importância da Comunicação: Uma comunicação aberta e honesta é a base de qualquer relacionamento saudável. Falar sobre sentimentos, medos e desejos não apenas fortalece a conexão emocional, mas também ajuda a resolver conflitos antes que se tornem problemas maiores. Quando ambos os parceiros se sentem à vontade para expressar suas opiniões e emoções, o amor se torna um espaço seguro para crescer.
O Papel do Crescimento Pessoal: Cada um de nós é um ser em constante evolução. Quando ambos os parceiros se dedicam ao seu crescimento pessoal, isso não só enriquece suas vidas individuais, mas também traz novas dimensões ao relacionamento. O amor floresce quando ambos se apoiam em suas jornadas pessoais.
Amor e Vulnerabilidade: Amar é também aceitar a vulnerabilidade. Ao abrir o coração para outra pessoa, aceitamos a possibilidade de dor e perda. No entanto, essa vulnerabilidade é o que nos permite experimentar a profundidade do amor. É um risco que vale a pena correr, pois a conexão que se forma é inestimável.
A Alegria do Cotidiano: Encontrar alegria nas pequenas coisas do dia a dia é essencial para nutrir o amor. Momentos simples, como preparar uma refeição juntos ou desfrutar de um passeio ao ar livre, podem ser tão significativos quanto grandes gestos românticos. Essas experiências cotidianas criam memórias que fortalecem a relação.
Reflexão sobre a Sociedade Moderna: Vivemos em uma sociedade que muitas vezes impõe expectativas irreais sobre o amor e os relacionamentos. É importante lembrar que cada relacionamento é único e deve ser construído com base nas necessidades e desejos de ambos os parceiros. O amor verdadeiro não se mede por padrões externos, mas pela conexão genuína que se estabelece.
Se falo com tanta certeza, por que o meu casamento não deu certo? Minha mãe sempre disse: “Quando um não quer, dois não brigam.” Digo o mesmo: quando um não quer, duas pessoas não ficam juntas. Um quer e o outro não. Os motivos não vêm ao caso, mas já mencionei alguns. Após a minha separação, aprendi muito. Na verdade, toda a reflexão começou com os diálogos que tivemos durante o processo final do casamento, onde conversamos… Mas o fato era que tínhamos objetivos diferentes para nossas vidas, e a união não tinha lugar.
Aprendi, depois de tudo, que precisamos realmente querer o bem do outro, não como forma de coação, mas pela simples certeza de ver o outro feliz.
Será que o meu relacionamento poderá dar certo desta vez? Digo que do futuro, só Deus sabe…
O que eu faço? Amar é algo muito bom. Estou amando e fazendo o que sinto ser certo para mim e para a minha amada. Estou vivendo cada momento como eles são: únicos!
Não fico imaginando momentos estonteantes em um futuro distante. Imagino o hoje ou o amanhã. Tenho planos para uma vida a dois, mas a minha vida não vai girar em torno deles.
Estou vivendo a vida. Meu trabalho. Meus planos continuam os mesmos. Nada mudou nas nossas vidas, exceto que não passamos mais todas as noites e dias sozinhos. Seja em momentos em que estamos a pensar um no outro, seja em momentos em que estamos a conversar pelo MSN, ou em momentos maravilhosos que passamos juntos.
Temos planos para o futuro, mas são sonhos… que estão no futuro. Eles são como estrelas distantes que servem como guia, mas não um caminho sem saída.
Estamos vivendo cada momento assim… curtindo com a cabeça nas estrelas e os pés no chão. Se amanhã não pudermos ou não quisermos estar mais juntos, não haverá estresse e também não haverá tristeza, porque saberemos que vivemos como deveríamos e podíamos ter vivido.
Temos planos de ter tudo mais, mas tudo dependerá do caminhar das nossas vidas nos próximos dias, semanas, meses e anos…
(António Casteleiro)
” Aceito os ignorantes ! Não aceito os que ignoram a própria ignorância. ” (António Casteleiro)