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Medo disfarçado…

24 Janeiro 2009 43.773 views Não Commentado

Antonio CasteleiroO Medo é um dos maiores inimigos do crescimento e desenvolvimento do ser humano e é interessante observar como ele se disfarça em vários tipos de conduta e no modo como nos relacionamos com as outras pessoas.

Um comportamento típico do medroso é adiar o “tomar decisões”. Seu medo de arriscar e de perder são obstáculos que o impedem de realizar escolhas que atendam aos seus desejos e necessidades. A sua dificuldade reside em temer desagradar o outro, levando-o a concordar com tudo, tornando-o incapaz de dizer “não” e fazendo do desejo do outro o seu único referencial de vida.

Há pessoas que se intitulam “tímidas” e, assim, evitam de se expor, devido ao forte medo que têm de serem rejeitadas e não aceitas pelo outro. Devido a isto, deixam de convidar pessoas para sair ou para conversar, temendo receber um não e acabam por se sentirem rejeitados, sem ao menos terem tentado. A pessoa tímida é uma pessoa que sofre por medo do fracasso e do ridículo perante seus objectivos ao se relacionar e obter êxito social.

Devido ao medo de serem rejeitadas, as pessoas podem esconder seus sentimentos, se apaixonando sem que o outro jamais saiba do seu amor, abandonando alguém, com medo de ser abandonado, ou se isolando para sofrer sozinho, com medo de pedir ajuda e ficar “dependente” de alguém.

O medo, então, pode mascarar-se através do comportamento “fechado”, do jeito orgulhoso e auto-suficiente e da incapacidade de assumir compromissos.

A pessoa perfeccionista esconde o medo de falhar aos olhos do outro. Isto é realmente o que ela teme e não o errar ao fazer algo. Seus relacionamentos e condutas são marcados pela forte necessidade de exercer controlo sobre a situação e sobre as demais pessoas. Só assim, ela se sente segura e, quando algo inesperado acontece, algo não previsto por ela, seu mundo se desestrutura e o estresse acontece.

A pessoa moralista, sempre preocupada em colocar os pontos nos “ii”, nutre tanta dose de medo como de agressividade. No fundo, o escrupuloso é um pequeno covarde irritado, que está sempre preocupado em apresentar uma retidão exterior impecável.

A pessoa reativa que está sempre pronta para questionar e se defender também esconde seu medo de ser criticada e sua baixa-estima perante os outros.

A mentira é outra manifestação do medo nas relações. A pessoa pode mentir por medo de lidar com algum conflito e por não saber lidar com o sentimento de rejeição que o seu comportamento verdadeiro pode vir a gerar.

É importante saber que as pessoas que têm medo de morrer, na realidade têm medo de viver.

É importante também saber que sentir medo faz parte da natureza humana. Todos têm medo de alguém ou de alguma coisa, seja envelhecer, perder quem se ama, ser mordido por uma cobra, ficar desempregado, ser assaltado, ficar doente…

A questão é quando nos deixamos paralisar pelos nossos medos, quando eles deixam de ser benéficos ao nos protegerem de situações perigosas e passam a ser travas que nos impedem de sermos verdadeiros e saudáveis.