A minha decisão de votar nulo não é um mero capricho, mas uma declaração firme de valores e princípios. Querer que a minha voz tenha significado é essencial. A escolha entre políticos é muitas vezes uma escolha entre o “menos pior”. E, com tantas opções que se revelam podres, a seleção se torna uma questão dolorosa. O verdadeiro problema não reside apenas em alguns que são corruptos, mas no sistema que permite a perpetuação de práticas nocivas. O voto nulo é, portanto, um protesto contra a metáfora dos “ovos podres” numa cesta que já não tem o que oferecer.

Os “representantes do povo” deveriam servir o interesse comum, mas frequentemente parecem obedecer a forças muito mais poderosas. As leis que criam, em vez de serem um reflexo da vontade popular, tornam-se instrumentos a favor de quem as financia. Observamos uma conivência flagrantemente conveniente entre os poderes executivo e legislativo, onde a voz do povo é abafada pela luta do mais forte.

O sistema judicial, que tal como um farol deveria defender os direitos e interesses dos cidadãos, muitas vezes se vê corrompido por interesses que desconhecem os princípios basilares de justiça e equidade. Essa falta de integridade deixa os cidadãos desprotegidos e impede a seriedade necessária para uma democracia saudável.

Optar pelo voto nulo não é uma solução, mas é, sem dúvida, um passo essencial. É um sinal claro de que começamos a entender que apenas eleger não é suficiente. Precisamos de um sistema que promova a fiscalização, que permita a responsabilidade política, que elimine a impunidade, que revele verdadeiramente os desejos da população. Um voto nulo é um ponto de partida para a transformação necessária.

Como ex-presidente de uma junta de freguesia e participante em uma lista para a câmara municipal, testemunhei em primeira mão as complexidades e desafios da política local. Portanto, ao votar em candidatos para câmaras municipais e juntas de freguesia, estou disposto a olhar além das forças políticas que os apoiam. O meu foco recai sobre os candidatos que residem na região e que parecem verdadeiramente empenhados em defender os interesses da população. Acredito que, ao priorizá-los, posso contribuir para uma mudança concreta, local e significativa, que se traduza em melhorias reais para a comunidade.

É urgente que o meu voto não seja empregado como ferramenta de manipulação por parte de candidatos que desejam “arrumar” a própria vida e a vida de seus aliados. Quero que ele seja um grito de inconformismo contra a corrupção, a injustiça e a desigualdade.

Desejo: uma reforma política e jurídica imediata. O momento é agora! Precisamos reimaginar o mundo em que vivemos e transformar a política em um espaço de esperança e mudança. O voto consciente e crítico pode ser o motor dessa revolução.

Vamos juntos redefinir o significado do nosso voto. Que não seja apenas um exercício eleitoral, mas uma expressão autêntica da nossa vontade coletiva. Cada um de nós possui o poder de moldar o futuro e de trazer as mudanças que desejamos ver. Quebrar o ciclo da corrupção e da indiferença não é apenas um dever; é uma obrigação moral. Lutemos por um amanhã onde a justiça e a equidade não sejam meras palavras, mas realidades vivas.

Portanto, envolvam-se, participem, e façam-se ouvir! O tempo de agir é agora!

(António Casteleiro)

” Aceito os ignorantes ! Não aceito os que ignoram a própria ignorância. ” (António Casteleiro)