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A responsabilidade dos Influenciadores e dos Seguidores: Além da autointitulação

3 Maio 2025 1.167 views Não Commentado

004.140x140004.140x140Nos últimos anos, o fenómeno dos influenciadores digitais ganhou proporções imensas, transformando-se numa força poderosa nas redes sociais. Com um simples toque de botão, qualquer pessoa pode autodenominar-se “influenciador”, criando uma ilusão de credibilidade e expertise. No entanto, essa autointitulação muitas vezes banaliza a verdadeira responsabilidade que vem com a influência sobre os outros.

Ser influenciador não se resume apenas a ter um número elevado de seguidores ou a capacidade de gerar engajamento. Trata-se, acima de tudo, de entender o impacto que as suas palavras e ações podem ter na vida das pessoas. A responsabilidade de informar, educar e inspirar deve ser levada a sério. Infelizmente, muitos influenciadores parecem ignorar esta premissa, promovendo produtos ou ideias sem a devida pesquisa ou consideração.

A falta de conhecimento e a superficialidade nas informações partilhadas podem levar a consequências graves. Quando um influenciador recomenda um produto de saúde sem embasamento científico, por exemplo, não apenas compromete a sua credibilidade, mas também coloca em risco a saúde dos seus seguidores. A desinformação espalha-se rapidamente nas redes sociais, e a responsabilidade de corrigir esses erros recai sobre aqueles que têm a plataforma para fazê-lo.

Contudo, a responsabilidade não é exclusiva dos influenciadores. Os seguidores também desempenham um papel crucial neste ecossistema. A falta de discernimento e a tendência para acreditar em tudo o que é apresentado nas redes sociais podem levar a decisões mal informadas. É alarmante ver como muitos seguidores aceitam sem questionar as recomendações de influenciadores, mesmo quando estas carecem de fundamento. A ausência de um pensamento crítico e de bom senso pode resultar em consequências negativas, tanto a nível pessoal como social.

Além disso, a pressão para manter uma imagem perfeita e atrativa pode levar influenciadores a distorcer a realidade, promovendo padrões de vida inatingíveis e gerando ansiedade e insatisfação entre os seus seguidores. A autenticidade, que deveria ser um pilar fundamental da influência, muitas vezes é sacrificada em nome da estética e do engajamento.

Portanto, é crucial que os influenciadores reconheçam a importância da sua posição e se comprometam a agir com integridade. Isso inclui fazer pesquisas adequadas, ser transparente sobre parcerias e patrocínios e, acima de tudo, promover uma mensagem que seja benéfica e verdadeira. Da mesma forma, os seguidores devem cultivar um espírito crítico, questionando e avaliando as informações que consomem, em vez de aceitá-las passivamente.

Em suma, ser influenciador vai muito além de likes e seguidores. É uma responsabilidade que exige conhecimento, ética e um compromisso genuíno com o bem-estar dos outros. Somente assim poderemos elevar o padrão da influência digital e garantir que ela seja uma força para o bem.

(António Casteleiro)

www.antoniocasteleiro.com

” Aceito os ignorantes ! Não aceito os que ignoram a própria ignorância. ” (António Casteleiro)