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Greve Geral em Portugal – 11 de Dezembro de 2025

13 Dezembro 2025 445 views Não Commentado

004.140x140A greve geral que ocorreu em Portugal no dia 11 de dezembro de 2025 foi um evento significativo que despertou reações divergentes entre os sindicatos e o governo. As centrais sindicais CGTP e UGT informaram que a adesão foi superior a 80%, argumentando que foi uma das maiores manifestações de descontentamento da última década. Por outro lado, o governo e associações patronais alegaram, em pronunciamentos televisivos, que a participação ficou abaixo de 10%, considerando a paralisação como inexpressiva.

Divergências nos Números

Os responsáveis da CGTP afirmaram que mais de três milhões de trabalhadores participaram na greve, afirmando que o impacto foi fortemente sentido em vários setores, como saúde, educação e transportes. Eles caracterizaram o dia como uma “grande, grande greve”, um reflexo de uma mobilização significativa contra o pacote de revisão da legislação laboral proposto pelo governo. Em contraste, a avaliação do governo minimizou a importância da paralisação, sugerindo que apenas uma minoria dos trabalhadores se envolveu no ato.

A Realidade nas Ruas

A cobertura televisiva mostrou um cenário diferente, evidenciando a grande adesão à greve em várias cidades. O movimento não se limitou apenas à simbolização, mas se refletiu nas ruas, com empresas fechadas e serviços essenciais paralisados. Isso levou muitos a questionar as afirmações do governo. A discrepância entre os relatos dos sindicatos e os do governo levanta questões pertinentes sobre a veracidade das informações e a responsabilidade de quem as divulga.

Questões de Responsabilidade e Credibilidade Futuras

É razoável perguntar: são irresponsáveis aqueles que negam a realidade observada por milhares de portugueses? Muitas pessoas, incluindo trabalhadores que desejavam participar de suas atividades profissionais, relataram dificuldades em chegar ao trabalho devido à paralisação dos transportes públicos. Esse fenômeno evidencia o impacto que uma greve pode ter sobre aqueles que, apesar de não apoiarem a causa, enfrentam as consequências diretas da ação coletiva dos trabalhadores.

Quando os líderes políticos, em suas declarações, subestimam ou ignoram a realidade vivenciada nas ruas, não apenas comprometem a confiança pública, mas também plantam as sementes da desconfiança nas próximas eleições. O eleitorado é inteligente e atento; a capacidade de um governo de ouvir e entender suas preocupações é fundamental para construir um relacionamento de confiança. Ao desconsiderar o descontentamento expressado pela população, aqueles que optam por ignorar a verdade podem enfrentar um sério retrocesso em sua credibilidade. A falta de transparência em relação às realidades sociais pode resultar em um afastamento ainda maior entre governantes e governados, o que pode ser refletido nas urnas.

Penalização nas Urnas

Diante desse cenário, não deveriam os responsáveis por desinformação ou pela minimização de eventos significativos ser penalizados nas próximas eleições? É fundamental que os cidadãos tenham acesso a informações precisas e representativas da realidade. A falta de transparência e a manipulação de dados para benefício político não apenas deslegitimizam o processo democrático, mas também podem resultar em consequências adversas para a sociedade como um todo.

À medida que os cidadãos se preparam para as próximas eleições, é essencial refletir sobre a responsabilidade dos líderes políticos e a necessidade de um diálogo aberto e honesto sobre as preocupações da população. A greve geral em Portugal não foi apenas um evento trabalhista, mas um espelho de descontentamento social, onde a voz dos trabalhadores clamou por atenção e respeito às suas exigências dignas. A maneira como as lideranças reagem a esses acontecimentos pode muito bem determinar não só o seu futuro, mas também o futuro da democracia em Portugal.

A Importância da União e do Diálogo

Além da questão da credibilidade, a greve geral de ontem simboliza a força da união entre trabalhadores. Em tempos de incerteza econômica e mudanças nas legislações laborais, a solidariedade entre os diferentes setores e categorias profissionais é essencial. A mobilização coletiva é um instrumento poderoso para reivindicar não apenas direitos, mas também para estabelecer um canal eficaz de comunicação com o governo.

Essa união deve ser acompanhada por um diálogo construtivo que envolva todos os atores sociais. Em vez de ignorar ou deslegitimar o descontentamento, os líderes políticos devem estar abertos a ouvir as preocupações da população e a trabalhar em parceria para encontrar soluções viáveis. Só assim se conseguirá restaurar a confiança e o respeito mútuo entre governantes e cidadãos, fundamentais para a saúde da democracia.

(António Casteleiro)

www.antoniocasteleiro.com

” Aceito os ignorantes ! Não aceito os que ignoram a própria ignorância. ” (António Casteleiro)